Sexualidade Gorda mode on






From Leonard Nimoy’s Full Body Project



Desde quando começaram a me cobrar um “namoradinho” (sabe aquele tio engraçadão que sempre pergunta “E aí, os namorados, hein??”) eu ficava pensando no que eu iria fazer. Porque: gorda e feia, quem ia querer? PFVR, ninguém.  Aí, que eu adiei minha primeira transa por muito tempo…. Enquanto tinha amigas felizes transando loucamente aos 16, eu estava lá… de boa, em casa, curtindo pintar o cabelo de colorido e descobrindo um rock’n roll. 

E depois dos 18, um dia fiz sexo com homem e não gostei. De verdade…. não aconteceu magia nenhuma da qual eu ouvia, não aconteceu nada de especial ou gostoso. E não, não foi porque eu estava com a pessoa errada. Não gosto do corpo, do físico [do homem]. Não gosto, meu negócio é outro, muito mais parecido comigo, aí sou feliz. 

Aliás, não entendo esse argumento que usam de que “você não encontrou o homem certo”.

Minha mãe mesmo usou isso comigo. Eu dei risada, porque né. Ela não concebia a ideia do não-gostar, não sentir atração-tesão por homens.  Não houve afinidade, não houve desejo, não houve absolutamente nada entre mim e os homens. Apenas não os desejo como parceiros afetivos-sexuais. Aí foi uma via crucis pra essa senhora, minha mãe, entender que a heterossexualidade não me cabia. Até hoje, eu acho que ela está esperando que eu encontre a pica de ouro e apareça na casa dela com uma penca de filhos. Só que não. Irreal essa situação. Eu já falei, mas essa senhora se ilude fácil. Enfim…..

 

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Há anos atrás meu corpo era  escondido. Ele não existe, você não está vendo ele. Tipo isso. Não deixava ninguém por a mão, até eu mesma evitava (olha o horror). E aí que fui transar com uma menina. Eu, mulher, gorda, sapatão: transaria, finalmente, com uma mulher! 
(o sonho) U-A-U!  O que eu faço? Como é que faz? Beijo primeiro e chupo depois? Ou o contrário? 

Dúvidas faziam fila no meu pensamento. Afinal, eu não tinha referência alguma de sexo lésbico, além daqueles filmes porn mainstream: porque diabos a mina trepa de salto agulha? Eu me perguntava… E pra que essa unha gigantesca???? 

Ninguém me disse que aquilo era um filme feito para alimentar o público masculino, e que aquilo era a mascarar  realidade das lésbicas nos filmes para satisfazer os machos. 

Aconteceu instintivamente e naturalmente a transa. Mas assim, eu  tive um receio de ficar nua e a mina sair correndo de perto de mim. Como se ela não tivesse percebido o tamanho do meu corpo, néan… 


E não foi por falta de pedidos, por que ela queria ver meu corpo, tocar e fazer tudo  que eu já tinha feito nela, mas eu não deixei. Eu fiquei ok naquela posição.

Embora houvesse sido tocada poucas vezes, eu senti muito prazer em dar prazer naquele momento. Foi muito gostoso, me senti confortável nessa parte. E não quero dizer que me encaixo naquilo de “ativa” or “passiva”, ok… Não… Tanto dar, quanto receber prazer são sensações únicas e maravilhosas, nenhuma compete com outra -na minha vida.



Autoria desconhecida

 


Tempos e tempos depois, esse episódio sexual voltou a aparecer na telinha da minha vida (fiquei um bom tempo sem sexo, por inúmeros motivos que eu nem lembro mais).

Só que dessa vez, eu estava com menos neura do meu corpo. Mas isso não quis dizer que  não ficava imaginando  no que ela estava achando do meu seio com estria, da minha barriga flácida, das minhas coxas enormessss…. Sim, eu pensava muito! 


Eu ficava, inconscientemente, comparando o meu peso com o tanto de prazer que eu deixaria de obter e proporcionar. O que é uma ideia ridícula e inconcebível, diga-se de passagem. Porque o prazer é independente do seu tamanho, da sua forma. O prazer depende do seu tesão e outros fatores, menos o seu próprio peso. 






O prazer obtido juntamente com outra mulher está intrinsecamente ligado a liberdade que o seu corpo tem de ir e vir pelos espaços físicos no momento do sexo, sem pudor e com poder. Acredito muito que o auto-conhecimento corpóreo-sexual é uma chave importantíssima para o gozo pleno. 

O seu corpo é o melhor instrumento de prazer que você tem. Acredito em sexo cada vez mais prazeroso a partir do momento em que a gente se permite: abrir as pernas sem receio, ficar em posições sexuais sem medo,  rebolar, se esfregar, lamber e ser lambida.