Feminismo e Sororidade


 

Nos últimos meses, minha vida têm sido um turbilhão de emoções. Comecei coisas novas, conheci gente nova, dei continuidade ao que estava parado. Dei início a uma vontade guardada (tipo esse bloguinho)  AND comecei a participar efetivamente de coletivos feministas.

 
Fui em algumas reuniões para a organização do 8 de Março (onde tinha muitos coletivos e organizações de mulheres presente), fiquei toda boba-alegre vendo aquele monte de mulher juntas, decidindo como queriam que fosse isso e aquilo e mais aquilo outro. 
 
Finalmente, deixei meu comodismo de lado e fui em alguns protestos, ergui cartaz e gritei alto meu descontentamento. 
Conheci mulheres da Marcha Mundial de Mulheres e da Fuzarca Feminista.
Me senti tão acolhida, tão “de casa”. Foi incrível. Senti que aquele já era meu lugar há tempos… Eu é que estava sumida.

 

 
Bem, não foi desde sempre eu estive no meio feminista. Isso tudo é recente pra mim. No entanto,  ter me relacionado com mulheres feministas, mulheres militantes ou não, lesbofem ou não, foi de extrema importância para o meu crescimento pessoal.
 
 
Digo isso porquê:
  1. Meu contato com o feminismo foi através da internet. Antes disso eu só me sentida incomodada com algumas coisas mas que eu não sabia o nome ao certo, mas entendia que aquilo estava errado (conhecem o machismo? ).
  2. No grupo, todas as participantes foram crescendo de uma forma surreal. Juntas, percebemos que conseguimos movimentar muita coisa na rede. E assim seguimos. 
  3. O feminismo permitiu me enxergar como sujeito político; perceber que eu não tenho autonomia efetiva sobre meu próprio corpo, sexualidade, minha própria vida. E esse controle quem tem, é o patriarcado, que nos poda de todos os lados desde o século XII d.C (segundo o Wikipédia);
  4. Pude entender que o silêncio do oprimido é o maior aliado do opressor. Que o silêncio naturaliza uma situação de violência ou opressão. 
  5. Eu não sou uma feminista acadêmica, digo, não li nem metade dos livros que eu quero ler para me entender melhor do assunto. Mais aprendi que isso não invalida minha luta. Eu posso continuar lutando contra a opressão no meu trabalho sem ter lido Gloria Steinem , por exemplo. Mas tenho a consciência de que a leitura é uma ferramenta muito importante e que não será menosprezada por mim. 
  6.  Encontrei mulheres que passam pelas mesmas situações que a minha, diariamente. Encontrei mulheres que vão na rua gritar  “NOSSA LUTA É TODO DIA, CONTRA O MACHISMO E A LESBOFOBIA” sem medo. Encontrei mulheres que se reúnem para conversar assuntos pertinentes a elas mesmas. Se reúnem para beber alguma coisa e celebrar aquele momento de união, que é só delas. Mulheres que permanecem em luta, sem esmorecer, por igualdade de direitos, combate à violência doméstica, autonomia dos corpos, descriminalização do aborto [ad infinitum]. 
8 de Março de 2013 – Praça da Sé – São Paulo. Por Elaine Campos 
 
 
Eu conheci a sororidade feminista. A irmandade feminista, sabe? Essa que me faz entrar em uma luta mesmo que eu não encaixe em uma identidade política. A luta é minha também!
Alguns episódios recentes me fizeram perceber o quão emponderador é a sororidade, a manifestação dela. 
E que sozinha é tudo mais difícil… arrisco dizer que fica impossível. Mas quando você percebe que tem 1, 2, 3, 4…..MUITAS MULHERES do seu lado, te apoiando e botando em prática a frase “MEXEU COM UMA, MEXEU COM TODAS”, nossa…. Fico arrepiada só de lembrar da sensação  É algo espetacular e que eu quero muito que toda mulher possa sentir isso, umas com as outras. Sua força sobe level’s acima do esperado. Sua visão se amplia e a sua vontade de ir até o final para obter a vitória recebe um bônus extra.
 
Foto: Elaine Campos no FB
 
É por essas e outras que eu sigo no feminismo. Que ao contrário do que muito se fala por aí, não é extremismo ou contrário de machismo. A ignorância é audaciosa, já disse minha mãe.  
O feminismo faz parte dos movimentos que lutam contra as opressões e, assim, pela libertação da sociedade como um todo, e por isso há uma necessidade de que todxs nós temos que seguir juntxs, em luta. 
 
 
 
8 DE MARÇO: DIA INTERNACIONAL DE LUTA DAS MULHERES (SÃO PAULO | FOTOS: ELAINE CAMPOS — 
 
Esse post de hoje foi só para ilustrar algumas grandes mudanças na minha vida atualmente. Eu nunca havia me imaginado sair às ruas contra o machismo, o racismo e a lesbofobia. Eu nunca havia me imaginado refletir, escrever AND publicar um texto acerca das minhas reflexões e estudos, sobre a lesbofobia e como esse termo é veiculado na mídia (na verdade, como ele NÃO é,); nunca… nunca mesmo, me imaginei escrevendo um email de indignação a um professor do cursinho por conta de suas piadas extremamente machistas. Muitas coisas que eu nunca imaginei começaram a brotar e tem sido uma experiência incrível.
 
Em suma: Sou uma mulher mais consciente do que acontece ao meu redor e, me sinto incomodada vendo as coisas acontecerem e eu permanecer quieta. 
Com o feminismo eu aprendi que tenho voz e é essa voz que vai dar caráter de luta às minhas inquietações, e jamais me calarei.