Esse texto é sobre a sua repulsa à pelos
Antes que os higienistas de plantão se manifestem sobre essa publicação, começo logo do básico. Quem sabe assim, evito a fadiga de ler comentários esdrúxulos por aqui. (se você não se considera um higienista de plantão, logo, esse parágrafo não foi para você, relax)
José Cruz-Herrera (Spanish, 1890-1972), “Étude de nu féminin” |
PELOS! Partezinhas do corpo do humano. Estão fincados na nossa pele. Estão por toda parte, sejam mais grossos ou mais finos; mais claros ou mais escuros. Estão presentes. A existência dos pêlos tem um motivo, isso é óbvio, mas eu acho que uma galera esqueceu ou deduziu de pouca utilidade e os descartou.
E sinceramente, se isso não faz parte da sua realidade, tudo bem. Tudo muito bem! Acontece que existe uma obrigatoriedade gritante que rege a vida das mulheres em sociedade. Se você não sente empatia pela causa, tudo muito bem também, no problens. Mas por gentileza, favor não destorcer as palavras aqui descritas como forma de reforço à sua transfobia&misoginia ou afins.
3 – Se você ficar 3 dias sem tomar banho, mas continuar com sua rotina normal (trabalhar, estudar, almoçar com a chefe, namorar, etc etc), PASME: VOCÊ FICARÁ FEDENDO! Isso mesmo! Vai ficar com um cheiro nada agradável e isso é indiferente da quantidade de pelos que você tem no corpo.
5 – Eu tenho as axilas peludas. As pessoas no metrô me olham como se eu fosse um extraterrestre. Ninguém nunca cheirou meu suvaco pra saber se estava fedendo ou se deixava de estar. Eu não passo 3 dias sem tomar banho. E também uso desodorantes – já que te importa tanto – diariamente (porque o odor natural também causa asco e não pode existir, mas isso é outro post!).
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10 – Ter pelos não faz de mim “menos feminina”. Não me torna “mais masculina” (esse não é um fator tão relevante porque eu sou cisgênera, mas torna absurdamente mais relevante se você for uma mulher trans, mas eu só consigo falar com propriedade a partir daquilo que me identifico); manter meus pelos não faz com que a minha tal “delicadeza de mulher” (que não existe, mas vou citar porque sei que isso é base para algumas pessoas) deixe de existir.
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O meu único intuito ao escrever isso, é fazer com que seja gerado uma reflexão consciente sobre a repulsa criada contra as pessoas que querem e podem manter seus pelos. O meu intuito é trazer à tona uma questão que causa horas de debate entre meninas e mulheres, onde elas buscam acalmar uma inquietação diante das suas vontades – de manter seus pelos- e limitações – a sociedade escrotiza quem o faça. Conversamos e discutimos para tentar criar mecanismos de aceitabilidade com a nossa naturalidade humana que anda cada vez mais plastificada, mais personalizada, mais robótica-futurística e menos: humana.
A descaracterização dos corpos bate de frente com várias esferas que circundam a vida das mulheres (sejam trans* ou cis).
derrama tuas lágrimas, higienista misógino, vaaaaaaai hihihih euzinha, bjaum! |
Prevejo faces contorcidas naquela típica expressão “nojinho”, rysos |
Muito bom o texto dos pelos!
Estamos vivendo uma era de homopelosfobia ….se nao fosse natural, ja nasceriamos sem!
Parabens!
Ótimo texto!
Eu me depilo porque prefiro meu corpo dessa maneira, mas acho um absurdo a galera que discrimina os povo prefere manter os pelos. Como você disse, cada um tem seu corpo e cada um faz o que quiser com ele. Mas graças as coisas que a mídia impõe, quem opta por não se depilar, acaba sendo rotulado “anormal”, “nojento” entre outras coisas. As pessoas precisam ter a mente mais aberta e aceitar o jeito dos outros, não é só porque faz uma coisa (no caso, se depilar) que todo mundo tem que fazer o mesmo.