#11 compartilhado


Quando li seu texto, me identifiquei imediatamente, ainda mas nesses trechos : “(…) conheço garotas que choram ao passar em frente à uma vitrine de roupas.”, “(…) garotas que não conseguem se olhar no espelho sem chorar por horas”,”(…) garotas que pensam em se suicidar pelo menos uma vez por semana”, “(…) garotas que sofrem caladas”, “(…) garotas em estado de depressão terrivelmente profunda”.

Por: Luiza C.
Quando era criança, meus colegas de escola me agrediam muito verbalmente, sem ao menos eu ter feito algo à eles. Me chamavam de gorda, baleia, feia, bruxa e seus afins.  Nunca me esqueço quando uma vez ao chegar à escola, um dos meus colegas de classe veio até mim e disse ” Você é gorda, feia, uma baleia. Ninguém nunca vai querer namorar você.” . Outra vez que nunca esqueci foi quando eu tinha 10 anos e estava conversando com um menino que disse ” Você é gente boa e tudo mais, mas o problema é que você não é bonita.”.
Não posso me esquecer também dos meus parentes, que falavam pra mim que eu era gordinha, que eu não era feminina, que deveria me arrumar mais, me arrumar como uma mocinha, achava e ainda acho isso um grande absurdo.  Pior era quando me comparavam à minhas primas, eu me sentia um lixo, a menina mais feia do mundo, me sentia desvalorizada.
Todas essas ofensas me marcam até hoje profundamente.
Durante minha infância sofri calada, guardei pra mim todos esses comentários ofensivos.
Aos 13 anos entrei em depressão, foi terrível, pensava em suicídio todos os dias (mas nunca cheguei a tentar fazer algo para me matar), não queria mais levantar da cama, chorava todos os dias, principalmente quando me olhava no espelho, tinha um tremendo ódio da minha aparência; quando andava na rua achava que as pessoas estavam rindo de mim.
Foi um período muito difícil, mas quando comecei a fazer terapia, aos poucos as coisas foram melhorando, aprendi a enxergar que eu não sou tão horrível quanto eu pensava que fosse.
Sinceramente, ainda é muito difícil lidar com essas coisas, ainda tenho umas recaídas. Há dias em que estou “de bem comigo” e chego a me achar desejável, bonita e etc. Mas há dias em que desabo em lágrimas quando me olho no espelho ou quando passo em frente à lojas de roupa, e às vezes me incomodo na frente de algumas pessoas, e acabo me comparando à elas, e volto a me achar gorda e feia.
Hoje em dia quase não escuto ofensas como as que ouvi na infância, já não são frequentes.
Queria muito poder gostar totalmente de quem eu sou, mas ainda é algo difícil pra mim, mas não vou desistir.
Bom, essa é uma parte da minha história. Obrigada por essa chance de poder compartilhar um pouco do que passei e passo.

 
Beijos.