Eu nunca conheci alguém que tenha feito sexo oral usando plástico filme
Sempre que sai algum texto a respeito de prevenção de DST’s entre mulheres, eu fico na instiga! Já vejo o título e me antecipo ansiosa pensando “agora vai!”. Mas eu me decepciono sempre, porque nunca li nenhum texto sobre esse assunto que não fosse moralista ou em certa medida, hipócrita num sentido de oferecer toda um argumentação institucionalizada que se alinha ao discurso médico mas cuja prática não é de fato revelada, é omitida. E é a prática que me intriga, porque eu nunca conheci ninguém que já tenha feito sexo oral usando plástico filme. Menos ainda a lenda que é o “dental derm” (wtf?) Eu realmente gostaria de conhecer essas mulheres e suas experiências com essa gambiarra-proteção, porque há muito o que desmistificar a respeito disso.
Mais do que falar de estatísticas e indicar o uso desse ou daquele método para se proteger, acredito que é preciso ir mais fundo porque isso é o que está mais na superfície… É o que está mais evidente. Agora, o que não falamos é da vergonha, do constrangimento em propor usar plástico filme na hora do sexo. Não se fala do quanto ainda nutrimos a ideia de que lésbicas são “imunes” a DST’s; nem do quão constrangedor é uma consulta à ginecologia e das nossas dificuldades em chegar até lá; também nunca ouço conversa sobre como superar essas sensações de vergonha e constrangimento e sugerir essa conversa com quem vamos transar. É difícil de falar, não sai… Ou quando sai, é pelas metades… Bem filtrado que é pra não sentir mal com o julgamento. Eu noto que ainda não temos a noção consolidada de que a saúde sexual faz parte do todo, compõe nosso corpo por inteiro e precisa ser tratada com tanta prioridade quanto tratamos exames de rotinas ou cuidados com os cabelos e a pele. E a omissão em falar de detalhes tão subjetivos faz com que lidemos de maneira nociva nossa própria saúde, negligenciando e menosprezando a importância de falarmos sobre o que realmente sentimos e não somente o que é indicado fazer ou não. Porque nós fazemos muitas coisas no sexo! Muitas! E a culpa cristã nos persegue e cerca cotidianamente nossas práticas sexuais e sem nos dar conta, estamos lá achando que “só acontece com os outros”. Porque é isso, com a gente não… Só acontece com as outras pessoas, com quem “não se cuida”, com quem “abusa” da sorte. E novamente um discurso conservador é reafirmado… Lá vamos nós outra vez ladeira abaixo…!
Por termos uma política de prevenção sexual voltada para o falo e extremamente moralista, vaginas estão desprotegidas e lançadas à toda sorte; e sexo entre mulheres com vagina é tabu ainda, por mais que tenhamos a sensação de que avançamos em algumas coisas e tal, mas falar de sexo entre mulheres ainda é estarrecedor! Até mesmo na própria comunidade lésbica esse assunto é pontual e permeado por pudores, precisamos reconhecer, companheiras! É inegável o trabalho árduo e consecutivo da militância lés.bi de construção de subsídios para melhores políticas púbicas específicas, mas logicamente nada está ao nosso favor… E às vezes me parece que nem nós mesmas. Porque quantas de nós assume, num debate como este, que não usa proteção?! Ou que usa com pouca frequência? Quantas de nós assume publicamente que é difícil lidar com essas gambiarras à nossa disposição?! Quantas se propõe a repensar as práticas e buscar formas desse assunto se tornar mais natural e consequentemente, mais usual -já que por enquanto o que se tem é só gambiarra mesmo. Eu sou uma dessas que nunca falei nada, já argumentei em aspectos mais gerais mas nunca algo mais pessoal porque:::::::::::::: vergonha!
Pois sim!
E então, eu escrevo isso no sentido de provocar mais esse debate de forma sincera e aberta, porque é de suma importância falarmos de como lésbicas e bissexuais “se viram” na cama pra se proteger… Ou falar que isso não acontece porque temos vergonha mesmo, porque no fundo, ainda acreditamos no mito de que com a gente não vai acontecer, ou largar o doce e reconhecer que confiamos na pessoa com quem vamos transar sem saber nada de sua vida sexual; é preciso tratar desse assunto com cuidado e sem pudor, porque de nada adianta enfatizar o uso de gambiarra se nem isso a gente usa. Eu não vou escrever sobre formas de proteção se o único que eu já usei foi a camisinha (e nem foi aberta). Eu quero saber de quem usa plástico filme, dental derm, dedeira e luva como é a parada! Essas gambiarras estão funcionando? Estamos nos conscientizando a respeito disso?! Acredito que é hora de assumirmos uma radicalidade no debate e enfrentarmos o fato de que essas gambiarras não nos protegem de fato e que nós mesmas não utilizamos, mesmo quando falamos da importância de usa-las (contradições, c’est la vie) é porque não vislumbramos outra escolha. Mas precisamos construí-las, na vera mesmo, sem medo. E para isso eu invoco Audre Lorde, assertiva como sempre “O silêncio não vai nos proteger”, nem entre quatro paredes. Compreender que estamos campeãs em estatísticas de DST’s cada vez mais elevadas porque ainda não falamos com todas as letras que NÃO temos coragem para procurar um lugar que vende o tal “dental derm” e chegar a usa-lo; não temos coragem de comprar uma dedeira que deveria ser parte do kit de prevenção mas se encontra como brinquedinho sexual nas sexshops por aí; ainda estamos nadando no raso a respeito da nossa própria saúde que ainda acreditamos no mito médico de que “as mulheres são mais limpinhas”.
Eu mesma acreditava que não era possível contrair HIV no sexo com uma mulher, juro! Era real isso e eu não me importava. Depois aconteceu algo na minha vida (não posso contar isso) que me fez achar que a melhor proteção para DST’s era abstinência sexual, contra minha vontade -diga-se de passagem-. Tanto que eu transei poucas vezes pra quem tem vida sexual desde os 18 (agora tenho 25), e isso nunca me foi garantia de nada porque eu não usava nada pra me prevenir também (fica elas por elas, literalmente). Mas o medo e a desinformação me fizeram achar que se eu fizesse sexo só com quem eu “confiava” e achava (é diferente de saber) que “não tinha nada”, estava tudo bem. E fiquei nessa brisa errada… Onde você se conforma com isso e simplesmente segue a vida sem transar, ou melhor, limitando bem suas possibilidades de sexo. E eu superei isso? Não. Isso significa que eu estou trepando muito e agora com proteção? Também não! (por enquanto). Mas tenho buscado me livrar desse medo/trauma primeiro e me informar sobre o que eu posso fazer com o que tem na roda.
Mas eu não aceito o que está posto, acredito que temos muito a conversar a respeito disso pois nossa saúde não pode continuar por mais tempo nas mãos de quem não vivência a precariedade a despeito da própria saúde sexual. E nós sabemos o que é ter de lidar com isso, só precisamos nos comunicar melhor, com franqueza e sem formalidades… Precisamos quebrar o mito de que somos divindades, exclusivas criaturas que não carregam nenhumazinha doença sexualmente transmissível. Nós não somos imortais, menos ainda imunes a doenças e nós precisamos falar disso, de como a gente se sente frente à essas gambiarras que tem por aí e o que a gente costuma (não) fazer. Sem julgamentos, sem moral cristã, sem culpa de achar que está errada.
Você que me lê agora, usa alguma coisa para se proteger? Você faz algo diferente quando o sexo é casual mas mantém a programação normal quando está namorando?! Você faz exames de DST’s regularmente e conversa sobre isso com amigas/os ou sua namorada?! O que você sente em relação a isso tudo?
Me conte por favor, me deixa conhecer quem se proteja pra eu saber que é possível!
Me conte por favor, você que tá no mesmo barco que eu… Bora remar todas juntas!
Imagem destacada: by Mary Kerr – ‘Getting A Little Advice’ ~ Pencils on paper ~ 15×23 on http://www.marykerrart.com/
Nossa, deu pra sentir bastante o desespero no texto. Serei bem franca. Nao uso nem nunca usei nenhum tipo de proteção no sexo com outra mulher. A ideia de usar e fugir da delicia do sexo desprevenido me remete a resistencia dos homens homossexuais nos anos 70 e 80, vendo uma epidemia de Aids surgir e se alastrar por anos, causando milhões de mortes especialmente na comunidade gay e ainda sim se recusando a usar proteção pelo habito de nao usá-la. Ainda que consciente da minha resistencia mental e do quanto isso representa um atraso pessoal e social, não consigo cogitar inserir um metodo preventivo na relação estavel que mantenho hoje ou ate mesmo nas próximas. De qualquer forma, compartilho uma estrategia que minimiza riscos especialmente relacionados as DSTs mais graves, que é buscar se relacionar apenas com doadores de sangue ativos ou incentivar seu parceiro a se tornar um doador de sangue regular. Doação de sangue é coisa séria e não deve ser feita na intenção de avaliação de saúde, mas sua regularidade é uma forma de acompanhar tanto a própria situação clinica quanto a de nossas parceiras. Em partes.
Me sinto tão representada quando assuntos como esse são postos para diálogo e troca de informações! Sou bi e me relaciono há 5 anos com minha namorada que é dentista e temos acesso ao dental derm, facilmente comprado em dentais (lojas de produtos odontológicos), porém nunca usamos pois ambas achamos o material extremamente grosso o que não permite sensibilidade no sexo oral. Fui a diversas ginecologistas que me passaram o uso de dedeira e/ou camisinha, compramos para experimentar a dedeira que até funcionou direitinho, mas não achamos muito prático já que a que compramos não vem com lubrificante e dependendo da anatomia do dedo ela não fica anatômica. Hoje ambas fazemos exames anualmente, porém nós duas já tivemos HPV. Acho que apenas com produtos específicos para nós, com ginecologistas também buscando mais informações e com muito debate iremos progredir nessa questão.
Sou hétero, e a pouco tempo tinha apenas um parceiro sexual, e com ele fazia de tudo livremente, qdo me vi solteira me assustou muito o fato de que todos querem um sexo casual com direito a tudo, e ainda tem o fato de que se você se recusa, você é fresca. Me assusta a ideia de ter um novo parceiro sexual, e fico pensando com quantas pessoas ele deve ter transado no último ano? E durante toda a sua vida? Se considerarmos que geralmente é pessoa uma por semana, qdo é apenas uma… Tenho tido dificuldade em me relacionar seriamente pq esse meu jeito de não deixar que me toquem e que me façam sexo oral, é só retribui se for com camisinha, faz com q eles se desmotivam, pq pensam que não confio. Qdo deveriam pensar que estou me protegendo e consequentemente protegendo a eles tbm. Eu sempre fiquei pensando como as lésbicas faziam pra se proteger. É um absurdo que isso não faça parte das políticas de governo de combate as dst. Devemos avançar com o mito de que sexo oral não transmite doença. Tenho filhos e pretendo instrui-los que a proteção deve ser completa e que não devem ter medo de exigi-la e utiliza-la.
Nossa, texto incrível. Sem palavras.
Concordo com TUDO. Já fiquei sem transar como método contraceptivo várias vezes. Acho inviável usar a maioria das coisas disponíveis. Ou seja, acabo só transando quando estou em um relação séria. Como estou casada (e muito bem por sinal =P), não me preocupo, já que a relação é de longa data. Mas sempre fiz e faço testes de DSTs. Não tiro a cutícula, inicialmente por preguiça mesmo, mas depois de saber que é uma forma de se contrair DSTs, por esse motivo principalmente. E eu e minha parceira SEMPRE falamos sobre proteção, e a importância disso. Mas não, não sei mais o que fazer, pq eu não teria constrangimento de comprar, mas eu não acho prático pra usar. Que questão infinita hahaha.
Obrigada por escrever textos tão bons!
Bjos
Jéssica, esse texto precisava muito existir!
Desde adolescente eu lia muito sobre sexualidade e prevenção a DSTs/AIDS. Mas no momento que me descobrir lésbica percebi que nada daquilo tinha relação comigo. Já procurei materiais sobre doenças sexualmente transmissíveis em lésbicas, mas encontro apenas coisas muito rasas e nada específicas. É como se apenas se copiasse a lista de DSTs existentes afirmando que se houver sexo sem proteção, você pode contraí-las. Tá, mas como se proteger? Quias práticas causam um risco maior? Mistério.
Confesso que não uso proteção nenhuma. Uso camisinha no dedo para evitar que alguma sujeira na unha cause uma infecção. Mas tribadismo e sexo oral é sempre desprotegido. E na boa? Não sei se isso soa horrível, mas se for pra fazer sexo oral com plástico filme ou não fazer, prefiro a segunda opção. Em que mundo seria razoável vc parar o sexo pra “embalar” a mina? Se a única alternativa no sexo hétero fosse os homens embalagem seus pênis com papel filme, ninguém se protegeria.
O que podemos fazer, por enquanto, é ter responsabilidade conosco e com a outra mulher. Se eu sei que estou com algum sintoma estranho, o jeito é não transar até passar no médico (e aí entra outra treta que são lésbicas e a ginecologia). E manter os exames em dia.
Então
Texto muito importante que acusa exatamente o problema de todo esse bagulho: o tabu do sexo lésbico!
Pelo fato de ser tabu, acredito que não houve grandes investimentos em pesquisa para criar utensílios que realmente contemplem as mulheres…
E mais, acredito que seja possível criar! Mas que isso só foi buscado para os homens.
Esses equipamentos todos para prevenção não foram pensados, mas parece que foram mais é improvisados! Não são práticos, e se tiram a essência do sexo, sinto muito, não serão usados… hoje tem-se camisinha ultra fina e com sabores e lubrificantes diferentes, ; algumas até brilham! E para nós, mulheres, um trem mal feito, grosso e que tira toda a graça de fazer sexo! É quase uma forma de dizer: ou se arrisquem ou tenham abstinência. O sexo não pertence às mulheres mesmo.
É horrível,e acho que muitas ginecologistas dão respostas vagas quando perguntamos a respeito de sexo seguro lésbico pq elas tbem não sabem! Gente, não tem pesquisas voltadas para isso!
Então por hora, realmente, a única solução- meio gambiarra mesmo, diga-se de passagem- é fazer testes regularmente junto de sua parceira.
Agora, para as mulheres que curtem paradas casuais- olha eu aqui de novo- , honestamente, entre a abstinência e usar aqueles objetos adaptados de última instância para nos proteger, às vezes vou na abstinência, mas às vezes, cruzo os dedos mesmo e vou fundo. E faço os testes para ver se peguei alguma coisa, e depois de tomar aquele coquetel de remédios no posto para aumentar minhas chances de não ter pego nada. Essa é a minha verdade que nunca falei pra ninguém até então.
Tenho 18 anos, comecei a minha vida sexual exclusivamente com mulheres desde os meus 16 anos. Confesso que sou totalmente irresponsável quando o assunto é prevenção de DSTs,não consigo me imaginar pedindo pra alguém colocar um plástico filme antes de transarmos e nem a mim passando por essa situação um tanto quanto cronstagedora.
Nos últimos dois anos tive dois relacionamentos sérios, oq me fez ficar totalmente despreocupada com o sexo, oq não significa q eu nem a minha companheira estivéssemos imunes, mas de certa forma eu fingia não estar ligando pra isso.
Enquanto estava solteira eu só cruzava os dedos pra nada dar errado.
Enfim, a única coisa que eu faço são exames de HIV e costumo prestar muita atenção no meu corpo.
Recentemente eu comecei a pensar mais sobre o quanto a prevenção é importante e estou com a mente um pouco mais aberta para usar essas gambiarras.
Faço curso na área da saúde e tenho muitas amigas lésbicas que fazem medicina, DST’s e sexo lésbico nunca foi citado nas nossas universidades. Quando procurei uma ginecologista e disse sobre minha orientação sexual, que não tenho relação com homens e que gostaria de fazer um “check up” de todas as doenças sexualmente transmissíveis, pasmem, ela me disse: “mas você faz sexo desprevenida, você acabou de me falar que não faz sexo com homem”… Desprevenidos estão são esses profissionais da saúde sobre sexo entre mulheres. Isso só vai mudar se começarmos a ocupar esses espaços médicos e falar sobre o assunto (ate desenhar se for necessário), porque realmente “nada está ao nosso favor”.
Texto da maior importancia. Um debate mais que necessário, urgente. Sou lésbica e, depois de quase 5 anos em uma relação monogâmica, tenho transado muito. Quase sempre sexo casual. Nunca usei nenhum tipo de proteção. Faço exames regularmente, mas isso não é garantia de nada. Realmente não sei como minimizar as chances de contaminação e, mesmo sabendo dos riscos, não vou parar de transar.
Eu uso. As reações são engraçadas e existe muita resistência. Uso preservativo aberto. Nos dedos, só higienizo mesmo. Então, sem camisinha só com o tempo de relacionamento e exames.
Plástico filme é poroso. Não serve pra previnir DSTs.
Obrigada por esse texto!
Já estive em um relacionamento de um pouco mais de 2 anos, e desde o término já transei com algumas outras mulheres.
Ninguém (nem eu) nunca propôs ou conversou sobre proteção durante o sexo. Também entendo muito pouco sobre os verdadeiros riscos e detalhes (como comentaram aqui em cima) sobre que práticas oferecem mais risco etc.
Uma vez estive em uma roda de conversa sapatão sobre saúde sexual lésbica, e senti muito o que foi dito no texto: as mesmas gambiarras sendo citadas, sempre de uma forma muito teórica.
Recentemente doei sangue pela primeira vez e, enquanto esperava pelos resultados da testagem, percebi que caso eu tivesse alguma DST seria por negligência minha comigo mesma, das minhas parceiras sexuais e, mais ainda, de uma sociedade que tá cagando pras lésbicas. Além disso: e se eu tivesse tido um resultado positivo para alguma DST? De que forma a minha vida sexual se modificaria a partir desse momento? Só me protegeria depois que tivesse algo?
Os resultados saíram e eu não tinha nada. Continuo transando sem nenhum tipo de proteção. Não sei como faria diferente.
Também nunca fiz sexo com proteção e nem nunca ninguém me propôs usar algum tipo de proteção. Concordo com o comentário da Teddy de que se for pra fazer oral com plástico, prefiro nem fazer. Infelizmente não vejo perspectiva alguma de mudar essa situação. E quando vejo alguém comentando o assunto é sempre algo genérico de “temos que nos proteger” e nunca tocamos em questões realmente relevantes como quais doenças temos mais probabilidade de pegar e quais temos menos.
Eu acho que o ponto AINDA nao eh esse, o da vergonha. Quer dizer, pelo menos pra mim e quase todas as sapas que convivo.
Parabéns a vcs por estarem dispostas a usar essas barreiras, pq preocupadas acho que todas nós estamos. Mas eu confesso com toda a minha sinceridade que nao tenho a menor vontade de usar camisinhas ou plástico filme (que aliás me disseram que esse plástico eh poroso e nao protege de dst). Nao tem nada a ver com vergonha, nao mesmo. Eu simplesmente prefiro nao transar se for pra nao sentir o gosto ou a textura da mulher. Chupar plástico? Botar camisinha no dedo? Nao seria prazeroso nem pra minha parceira, o q ela vai sentir num oral com latex no meio? Eu realmente prefiro nao transar pq nao teria graça nenhuma um sexo cheio de gambiarras. E nao digo isso com orgulho, eh com tristeza mesmo, pq estamos expostas e nao temos saída! O principal e urgente, eh isso q vc propos, aquecermos o debate, falarmos sobre dst com todo mundo, pra primeiro, quem sabe, a ciência começar a nos enxergar. Pq o q mais falta p gnt eh informação, nao sabemos nem qual conduta eh mais arriscada, nao sabemos se eh sexo oral, penetração ou tesoura q transmite mais fácil. Nao sabemos nada! Tudo q ouvimos por aí se contradiz o tempo todo, cada pessoa diz uma coisa, cada ginecologista informa outra… Primeiro precisamos unificar as informações com base em estudos médicos sobre lésbicas! Precisamos que as médicas mulheres pesquisem e disseminem as desobertas! Precisamos nos unir e nos fortalecer, debater juntas sobre quais métodos sao eficazes e VIÁVEIS! Ainda q sejam apenas de redução de danos, pq a maioria nao vai topar chupar plástico em vez da xota, sejamos realistas.
Eu meio que tenho um ressentimento em usar esse tipo de coisa porque pelo que eu escuto e pelo que eu imagino, o sexo não é a mesma coisa com essas gambiarras e fica muito mais desconfortável, e as pessoas no geral comparam isso com sexo com pênis, pq nesse caso usar camisinha não muda tanta coisa assim, sendo que o sexo entre vaginas tem particularidades. Tenho receio em usar essas gambiarras porque é um grande simbolo da invisibilidade lésbica que nos massacra. A saúde pulica não diz nada sobre isso, não se importa, reproduz discursos de que “mulher é mais limpinha”, e a maioria só é conservadora ou se recusa a acreditar na existência do sexo lésbico. Acho um DESRESPEITO e uma grande invisibilização empurrarem essas gambiarras pra gente, nos obrigando a usar uma GAMBIARRA e nós ainda temos que estar satisfeitas com metodos que nao sao eficazes e sao desconfortaveis. E ninguém fala sobre isso, só empurram e nós somos obrigadas a estar satisfeitas com isso quando o mínimo seria ter dispositivos de prevenção feitos pra gente, e que não diminuam o prazer. Pq pra esse sistema prazer entre 2 mulheres não existe ou é uma afronta, né.
Penso que ambas precisarao cuidar da saude frequentemente. Se surgiu a vontade de repente, numa festa por exemplo?Administre sua decisao e conviva com as consequencias agradaveis ou nao. Por ora, é o que penso. Valido seu texto e reflexao!
Eu estou no meu 1o relacionamento lésbico, com quem tive minha 1o relação homo então minha experiência é pontual. Logo no começo da relação eu fiz um check up geral de DSTs. (Até hj rio do argumento de eu ter estado com tantos homens que minha mãe usou para fizer q não sou lésbica.) Nunca usamos técnicas de proteção e isso me incomodava. Era o não falar sobre isso. Conversei com ela, que tb fez os exames (ela teve beeem poucos parceiros mas na roleta russa da DST…). Pra mim hoje assim funciona. Sei que pode soar cilada isso de confiar da fidelidade alheia. Nunca confie nos caras q namorei e já sustentei brigas homéricas pela camisinha. Mas hoje, com ela, eu decidi fazer assim.
Eu comecei a ter relações com a minha primeira namorada, ainda estamos juntas e ela também só começou a ter relações comigo. Então éramos virgens e nunca pensamos que precisássemos usar algum tipo de proteção, mas às vezes me vem em mente que a gente possa ter alguma coisa que não tenhamos conhecimento, porque realmente não sabemos como as DSTs apareceram, não é? Mas após um ano e meio de relacionamento, acho difícil termos alguma doença.
Mas caso algum dia eu vá ter relações com outra pessoa, não sei se pensaria em usar proteção!
Sou hétero, e achei o texto ótimo, pois nós mulheres, temos muito constrangimento em falar das dificuldades sexuais e principalmente de se ter um orgasmos. Contamos muita vantagem, por termos medo do julgamento. Esse é um assunto que deveria está nas escolas,postos de saúde, televisão, sem toda essa moralidade machista.
Queridas, porque vocês têm problemas com ginecologistas? Elxs tratam diferente quem é lésbica?!
Amo os textos desse blog!! Obrigada por escrevê-los e compartilhar com o mundo! ?
Eu já usei filme plástico. E foi horrível. A primeira tentativa cortei um pedaço pequeno, perdi as pontas dele rapidinho. Daí cortei um pedaço maior, e 2 minutos depois já tinha escorregado e embolado também. Depois tentamos segurar em cima e dos lados, mas o negócio ficava tão esticado que a sensação era de sexo oral de homem cis het, bem ruinzão, as possibilidades de movimento eram mínimas praquele treco não enrolar inteiro. Com a camisinha foi bem melhor, mas ainda não entendi como não deixar os fluídos escaparem. Escorre tudo, mela a bunda (o que é legal, mas a ideia é prevenção), se o negócio escorrega já vai pros dedos, pra boca… É meio desastroso. Já o lance das dedeiras, olha, que erro essas de sex shop… São duras e de borracha, texturizadas e etc, até pq elas não foram feitas pra lésbica (pq nada é), são úteis se vc quer algo pra penetraçao texturizado e etc, mas não pra estimulação, e JAMAIS pra sexo anal, pode sumir lá dentro, ser sugado, é bem perigoso. Camisinha é de novo a melhor opção. Creio que algumas pessoas possam preferir luvas de látex, aquelas de enfermagem, principalmente as manas que alternam ou adicionam os dedos, pq é meio chato fazer isso na camisinha, é todo um trampo ficar tirando e encaixando de novo.
A camisinha facilita bastante pro sexo anal, não vejo nem motivos pra fazer sem, mesmo se a gente não transmitisse doença, é mor prático. Eu sou da galera anti-chuca. Acho desnecessário e perigoso, sou a favor da gente lidar com o fato de que sexo anal é no ânus, e nem sempre vai estar 100% limpinho, logo, a camisinha acaba com esse problema, usou, jogou fora sem grilo, sem dificuldade, e ainda vem lubrificada já. E novamente camisinha pros sex toys, sempre, e NÃO COMPARTILHAR CINTA. Pq vamos lá, estamos falando de proteger a prótese, o que é legal por N motivos, usem mesmo quando usarem a prótese em vcs mesmas, pq ajuda a proteger o material da prótese, a proteger o seu corpo das bactérias que podem estar na porosidade do material (principalmente os mais macios), mas o preservativo na prótese NÃO PREVINE DST se vc compartilhar a cinta. Imagina, usou a cinta, a parte de dentro que é de couro geralmente, está em contato com a ppk, tá molhando tudo ali dentro. Aí vc troca o preservativo, e passa a cinta pra outra mina, que vai colocar a ppk na mesmo lugar. Do mesmo jeito que não compartilha toalha, não compartilha cinta, pq tecido absorve as paradas, e não dá tempo de lavar e secar pra outra usar. E pra comprar duas cintas, tem a treta PREÇO. As cintas boas, confortáveis, ajustáveis, que não passam no meio da bunda, que são realmente pensada pra mulheres, são pouquíssimas, e os preços são extorsivos. Então já é outra treta cada uma com a sua cinta, pq todo mundo teria que ter uma grana imensa pra gastar. Agora voltando ao preservativo, é algo que incorporei de poucos anos pra cá, pq eu achava extremamente desconfortável, me deixava toda assada e irritada, achei que era pq era do posto de saúde, tentei comprou outras, e deu na mesma. Por fim descobri uma coisa bem comum, que eu sou alérgica a látex. Olha… Só nesse processo aí… Quanta alergia… De camisinha, de prótese (que são feitas de látex), de promete com camisinha, de vibrador com látex na composição… Ai depois que descobri a alergia, passei a pesquisar e descobri a SKIN, que é a única marca no Brasil que faz camisinha sem látex. E o desconforto acabou. Se vcs sentem muita ardência, vermelhidão, coceira e etc com camisinha, tentem a skin, pq pode ser alergia a látex. O foda, novamente, é que a skin não tem no posto. Não tem no posto preservativo sem látex, sendo que é uma alergia até que bem comum. O pacotinho com 3 custa entre 5 e DEZENOVE. Juro, na loja onde eu trabalhava (Alizee) vendia a 19 reais. Nem com o desconto de funcionário.
Sobre o tabu: a gente tem que superar. Eu geralmente não consigo sugerir na primeira transa. Já aconteceu de rolar sexo casual, e meses depois rolar de novo, só consegui abordar o assunto na segunda vez. Já com camisinha na bolsa, e dizendo coisas que eu ainda não sabia como fazer de forma segura, e portanto teríamos que evitar. Tipo colar um velcro =(
É daí tem o exames né. Estou numa relação monogâmica, e é pedir exame desde o começo e ir fazendo regularmente. Confesso que ano passado deixei passar por falta de grana, preciso aprender a fazer esses roles no serviço público, tomar vergonha na cara mesmo e perguntar por aí como que faz. Sempre pedi em ginecologista, mas marcar ginecologista no serviço público pra fazer consulta de rotina, só Deus sabe o perrengue que é. Conheço mina há 2 meses esperando uma consulta pq o Diu dela tá zuado e ela tá sangrando todos os dias…
Precisamos falar dessas paradas sim. Precisamos fazer exames. Precisamos falar que tem preservativo feminino (infelizmente com látex) em muitos postos de saúde (que são maiores pra abrir pra sexo oral), mas não em todos, e que isso não devia ser assim. Precisamos cobrar das empresas que fazem materiais pra vida íntima, que façam pra mulheres lésbicas, pq tudo tem que ser gambiarra nessa merda… Precisamos começar a pensar e ouvir sobre a nossa vida sexual pra saber onde estão os riscos, o que perguntar na ginecologista, qual ginecologista (pq nem todas estudaram vida sexual fora da heteronorma). Precisamos perder a vergonha de pedir pras nossas parceiras se prevenirem. Precisamos largar mão da desculpinha de hetero de “chupar bala com papel”, sim, gosto de buceta é maravilhoso, tesourinha de costas é o paraíso, mas na correria não rola, no casual não rola, por enquanto, na gambiarra, não rola, faz uns exames, pede uns exames.
O mais doido é que como bissexual super me preocupo quando transo com meninos: camisinhas e mais camisinhas, pilulas e remédios e coisa e tal, mas com as meninas deixo super passar. Passa na minha cabeça na hora “será que ela tem alguma doença?” mas nunca pergunto, nunca converso… Acho que essa discussão é mais do que importante pra gente tomar coragem mesmo de falar, perguntar, mesmo quando (e principalmente) quando o sexo é casual. Dá frio na barriga e ao mesmo tempo constrangimento. Um misto! Acho que é isso.