Aceitou o desafio: Valéria Vieira Assink #desafioartegorda


Vasculhando artigos que se abrigam à sombra de web sites – indignada com o sol escaldante de janeiro, a impossibilidade de colocar um biquíni e toda aquela gordura localizada -, deparei-me com o absurdo escrito por Margarida Rebelo Pinto: “As gordinhas e as outras”. Dentre as asneiras publicadas doeu pensar que todos os romances foram falsos e que, por ser gorda – sim, gorda! – seria como uma mascote do grupo, um monstrinho fofo, baleia, um saco de areia. Coloquei-me em frente ao espelho, desejando viver durante o período colonial, onde mulheres rechonchudas estampavam os quadros, simbolizando a beleza da época. E talvez seja este o ponto, passamos agora pelo que as chamadas magrelas passaram em outros tempos. A beleza é apenas um estigma social. Então me vi liberta. Nas infelizes colocações de Margarida ficou clara a inveja gerada pela interatividade das gordinhas. Nunca fomos dignas de pena, não havia sentido em suas alegações. Observei meu corpo refletido. Estrias que, como afluentes do rio que em mim corria, levavam a minha nascente. Nas curvas de meu corpo o rumo à felicidade. Celulites, crateras de um corpo desgastado pelo amor que o percorreu, sinais de habitação. Sorri, então novos horizontes se abriram. Por mim fui aceita, e não é disso que se trata? Aceitação. Talvez só me quisessem magra pela insatisfação que delineava minhas ações. Quiçá fosse um mero e ridículo modo de repreensão. Sendo assim, faria do meu corpo o que bem entendesse. Sentir-se bem é o que há. Palavras já não podiam me ferir. Coloquei um biquíni. Fui à praia. (V.V.A)

 

by Valéria Vieira

by Valéria Vieira Assink